sábado, 23 de agosto de 2014

Afinal de contas, quem é o maior artilheiro de todos os tempos?

  Não é fácil conciliar várias obrigações. Nos tempos de hoje, você tem de ter tempo para cumprir várias obrigações e pensamos que não conseguiremos cumprir todas. Comigo não é diferente. Tenho obrigação de aluno, de filho, e obrigação comigo mesmo, pois eu preciso de tempo para cuidar do meu bem-estar. Por causa destas várias obrigações, muitas coisas passam por minha cabeça. Iniciei este blog para dissertar sobre algo que amo muito: futebol. Muitas coisas passam por minha cabeça e preciso de idéias para coloca-las aqui neste espaço. Apesar de conhecer alguma coisa sobre futebol, é preciso de prática para saber articular bem para tornar o meu texto bem compreensível. Quando não é a falta de assunto, são os vários assuntos disponíveis para dissertar. Mas isso será resolvido com o tempo.
    Depois da introdução no parágrafo acima, vou me atrelar ao assunto deste post: quem é o maior artilheiro de todos os tempos? As estatísticas mais conhecidas apontam que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é o maior artilheiro de todos os tempos com 1285 gols em em 1375 jogos, com média aproximada de 0,93 gols. É uma média impressionante, pois manter quase um gol por partida não é fácil. Tiro meu chapéu (mesmo eu não estar usando agora) para ele. No entanto, esses números são discutíveis para concluir quem é o maior artilheiro de todos os tempos por uma simples questão: os números adquiridos com os amistosos devem ser incluídos com os números dos jogos oficiais? Sempre fui um perna de pau jogando bola, mas não é preciso ser um craque para ter o discernimento de que jogo é jogo e treino é treino. A forma de jogar em um amistoso é totalmente diferente de um jogo oficial. O amistoso é um jogo festivo para celebrar a aproximação entre as duas equipes que irão jogar a partida.
Pelé x Romário: Um dos dois é realmente o maior artilheiro de todos os tempos.
 Créditos: sportiliga.az
     Em toda a história do futebol foi mostrada que os amistosos são a aproximação das duas equipes. Lógico que o amistoso pode ser levado a sério por causa da existência da forte rivalidade entre as duas equipes, se isso existir. No futebol contemporâneo, tornou-se fundamental realizar os amistosos de pré-temporada por dois motivos simples: preparação da equipe para a temporada e os possíveis lucros com as excursões. As partidas em outros lugares é fundamental para o marketing, pois ocorre a propaganda da equipe e isso irá facilitar o aumento no número de fãs. Nada é por acaso. Não é a toa que o Bom Senso Futebol Clube, movimento que luta pela melhoria do futebol brasileiro, luta pelo aumento da pré-temporada. No Blog do Juca Kfouri, o Bom Senso FC mostrou seu "manifesto". Uma parte é as reivindicações e entre elas, está a parte da pré-temporada:
"Devido ao curto período de preparação proposto e ao elevado número de jogos em sequência, decidimos nos reunir, de forma inédita e independente, para discutir melhorias em prol do futebol e da qualidade do espetáculo apresentado por nós a milhões de torcedores."
A parte em itálico mostra a reivindicação da pré-temporada. Percebemos o quanto ela é fundamental. No entanto, a pré-temporada serve para promover os amistosos e acertar os times para a grande temporada. Acredito que não exista nenhum time que leve os amistosos tão a sério, tirando os clássicos. Por isso fico com um pé atrás sobre contar os amistosos nas estatísticas ou não.
     Se retirarmos as estatísticas dos amistosos, Pelé não é o maior artilheiro de todos os tempos. Mas o Brasil, que se orgulha tanto por ser o país do futebol, pode ficar tranquilo, pois o posto continua sendo de um brasileiro: Romário de Souza Faria. Conhecido como "Baixinho", apesar de seu 1.69 m, ele foi um exímio centro-avante e grande cabeceador. As suas contas apontam que ele fez 1002 gols. Também é uma marca a ser considerada e respeitada. Mas nem tudo são flores. Esses números também são contestáveis devido à inclusão de gols dos jogos do juvenil e dos amistosos.
     Contudo, a revista argentina El gráfico fez uma contagem em que desconsidera os amistosos, os jogos juvenis e outras partidas que não são enquadradas com oficiais. Utilizando esses critérios, Romário é o maior artilheiro de todos os tempos com 768 gols; Pelé é o 3º, com 757 gols. Eis a grande questão: considerar os amistosos ou não? Os números são existentes, mas há uma discordância entre as fontes. Existem pesquisas que não entram em um consenso sobre os números verdadeiros. Divergências e mais divergências. Não há como realmente descobrir e entrar um consenso. É mais difícil reapresentar os feitos do Pelé devido à falta de registros suficientes. Com a Internet e com as tecnologias digitais, será possível fazer registros sem sombras de dúvidas. É uma pena que nesse quesito, os números sejam imprecisos.

Referências:
http://www.campeoesdofutebol.com.br/pele_jogos7.html - página acessada em 17/08/2014
http://estadiovip.com.br/3404/os-maiores-goleadores-da-historia-do-futebol/ - página acessada em 17/08/2014
http://blogdojuca.uol.com.br/2013/09/movimento-dos-jogadores-ja-tem-nome-e-distintivo/ - página acessada em 17/08/2014
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2012/04/em-revista-argentina-romario-desbanca-pele-como-maior-artilheiro.html - página acessada em 23/08/2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Apresentação do blog

     Futebol é um tema que não está relacionado apenas ao entretenimento. Futebol possui relações com os mais variados assuntos e áreas. Acham que estou mentindo? A Psicologia, Antropologia, Política, por exemplo, são temas que estão relacionados com o Futebol. Como a Psicologia pode estar relacionado com o Futebol? O Futebol Moderno exige um conhecimento do comportamento dos jogadores para analisar o decorrer da partida; exige que o controle do comportamento para não desmoronar todo o planejamento. Equipes se mostram preparadas e o comportamento mostram isso. Mostrarei dois exemplos: O Corinthians de 2012 2 o Brasil de 2014. O Corinthians estava em busca de seu 1º título da Libertadores da América. No jogo contra o Santos, na Semi-Final, o Corinthians estava jogando como se tivesse experiência no torneio, coisa que o Santos não demonstrou durante o confronto, apesar de possuir três títulos. O Brasil de 2014 sofreu um massacre diante da Alemanha, mostrou muita instabilidade. Uma pane de 5 minutos, que é a explicação do Técnico Luiz Felipe Scolari, foi algo que ninguém esperava. O selecionado brasileiro chorava quando ouvia o hino nacional. O Capitão no jogo contra o Chile ficou de costas para o gol e se recusou a cobrar o pênalti. Quer dizer, ele torceu para não chegar a vez dele. Depois do 7 x 1, essa equipe sofreu muitas criticas devido ao descontrole emocional. A Psicologia entra para avaliar o comportamento dos jogadores. Por isso que é tão importante a Psicologia estar próxima do futebol.
Brasil 1 x 2 Uruguai - Final da Copa do Mundo de 1950. Créditos: Getty images.
     Expliquei como a Psicologia pode ser importante, mas você, caro leitor, pode estar se perguntando: e a Antropologia? A Antropologia é uma ciência humana que estuda as manifestações culturais. O ato de jogar bola possui características exclusivas de determinada cultura. Não é por acaso que Mário Filho e seu livro conceito O negro no futebol brasileiro (leitura obrigatória, mas ainda não li por falta de tem - kkkkkkk), vão direto nesse ponto. Mesmo não lendo o texto, vi isso no livro O Brasil entra em campo! Construções e reconstruções da identidade nacional (1930 - 1947), de Denaldo Alchorne Souza. A contribuição do livro de Mário Filho é ressaltada nesse trabalho, pois a forma diferenciada que o jogador negro possuía ajudou a consolidar a idolatria a um dos primeiros ídolos do futebol brasileiro: Leônidas da Silva. O jogador possuía a ginga, tão presente nas danças de capoeira, cujos movimentos desconcertavam os adversários despreparados. Certo dia, em uma conversa informal com amigos sobre as expectativas dentro de campo na Copa do Mundo de Futebol de 2014, eu falei que os Estados Unidos poderiam ir mais longe do que Portugal. Argumentei dizendo que os estadunidenses vem progredindo bastante no jogo de futebol. Eles concordaram com o progresso, mas acharam que não iriam longe e muito menos se tornariam potência por que não possuíam habilidade, a ginga tão presente no estilo brasileiro. Eu estava certo quando me referi à Seleção Portuguesa em comparação ao Selecionado Estadunidense, mas a problemática de eles se tornarem uma potência, só o tempo dirá.9
    De todos os exemplos citados, acredito que a política é um dos campos que as pessoas irão se surpreender ao descobrirem que este possui uma ampla ligação com o futebol. Carlos Alberto Parreira acredita que não. O jogo Brasil x México pela Copa das Confederações de 2013 teve amplo apoio da torcida em pleno clima de choque entre população e Seleção Brasileira. Ele afirmou que política e futebol não se misturam. Será mesmo? Vamos utilizar o exemplo mais conhecido por todos os brasileiros que procuram compreender o futebol além das quatro linhas. Após a conquista do Tri-Campeonato Mundial da Seleção Brasileira, em 1970, mais precisamente no ano seguinte, ocorreu a criação do Campeonato Brasileiro. Este campeonato tinha o objetivo de aproximar mais os estados por meio do futebol, como cita Gilberto Agostino, no livro Vencer ou morrer - futebol, geopolítica e identidade nacional:
"Em 1971, como demonstração de que, para o governo militar, a interação futebol-poder não se limitaria à Copa do Mundo, tinha início um campeonato com clubes da maioria dos estados brasileiros, substituindo a fórmula anterior, que só agregava os cinco maiores estados da federação. Paralelamente, estádios eram inaugurados em todo o Brasil, geralmente com a presença de autoridades do governo, em muitos casos do próprio presidente, enquadrando no modelo de grandes obras que marcava o período."(AGOSTINO. 2002. Pg. 162).
Além da criação do torneio, o autor ressalta ainda a construção de muitos estádios pelo Brasil. Esses estádios construídos serviam para efetuar o plano do governo militar, onde a construção dos estádios demonstravam o crescimento do Brasil e também crescer o futebol nos estados integrados com o torneio de futebol. José Aírton de Farias confirma essa tese e a visão de Gilberto Agostino na seguinte passagem:
"O autoritarismo vigente no país desde 1964 não poderia deixar de atingir o futebol. Os militares captaram politicamente o tri da seleção no México em 1970 como uma "vitória do governo". Dentro da concepção do "Brasil Potência", "País do Futuro", ergueu-se pelo Brasil afora obras faraônicas (como gigantescos estádios de futebol), as quais acabaram servindo de encoberta para muita corrupção. Assim, no Ceará em 1969, no apagar da administração do Governador Plácido Aderaldo Castelo (1966 - 1971), lançou-se a pedra fundamental do estádio que teria seu nome, construído no antigo Bairro do Mata Galinha, O novo estádio, que muitos esperavam constituir-se a "redenção do nosso futebol"(como se bastasse apenas um estádio para isso...) seria inaugurado (inconcluso) em 1973, ficando conhecido popularmente como Castelão." (FARIAS. 2005. Pg. 59).
A política anda com o futebol, sim. Essa é minha opinião porque não nego os fatos. A prova maior de que a criação do Campeonato Brasileiro foi por motivos políticos é a famosa frase que relacionou o futebol com a ditadura militar: Aonde a ARENA (Partido que estava a frente do regime) vai mal, um time no nacional; onde vai bem, outro time também. A extensão territorial e o acréscimo de clubes a cada edição promoveu uma situação insana e surreal: em 1979, o número de participantes foi de 94 clubes. O mais irônico dessa situação é que o Internacional/RS foi campeão invicto dessa edição.
     Toda essa leitura sobre campos que se relacionam com o futebol era para descrever como eles se relacionam com o futebol. O objetivo deste blog é falar sobre História e futebol. No entanto, lógico que irei discorrer sobre alguns temas relacionados com o futebol. Aceito até sugestões sobre assuntos futebolísticos. E como ocorre a relação entre futebol e História? O futebol consegue mudar costumes, a sociedade, a questão das identidades, a política. Os campos citados acima que possuem relação com o futebol irá possuir uma determinada relação em uma certa temporalidade, pois acredito que a percepção das relação não será a mesma no futuro. Estudar história é fazer perguntas ao passado para compreender o presente e achar alternativas para o futuro. Como podemos utilizar a história para refletir sobre o futebol e o jogo? Vou falar sobre o jogo propriamente dito. A forma de jogar o jogo mudou muito na contemporaneidade. Antes o centro-avante tinha apenas a função empurrar a bola para dentro da rede. Hoje em dia, o centro-avante precisa fazer essa função e mais outras: dar o primeiro combate, se movimentar e abrir espaços para que vem chegando de trás, tocar a bola. O Fred, camisa 9 do Brasil na Copa do Mundo de 2014 foi muito criticado por sua falta de movimentação; isso fez com que ele não brilhasse e ele ganhou a alcunha de "cone". Até mesmo o goleiro joga mais do que antigamente: ele trabalha muito com os pés e precisa ter visão de jogo para efetuar os passes e os lançamentos. Quem imaginou que isso poderia acontecer? Estamos na modernidade do futebol e História é fundamental para compreender como o jogo evoluiu, bem como a influencia do futebol nas mudanças sociais.

Sugestões de assuntos, deixe nas mensagens.

Referências:

AGOSTINO, Gilberto. Vencer ou morrer - futebol, geopolítica e identidade nacional / Gilberto Agostino - Rio de Janeiro: Mauad, 2002.
FARIAS, Aírton de. Ceará: uma história de paixão e glória / Aírton de Farias. - Fortaleza: Edições Livro Técnico, 2005.
SOUZA, Delnaldo Alchorne de. O Brasil entra em campo! Construções e reconstruções da identidade nacional (1930 - 1947). - São Paulo: Annablume, 2008.

Sites:
http://www.globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/07/falta-de-gols-desvalorizacao-e-futebol-desastroso-frustrante-copa-de-fred.html
http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-das-confederacoes/ficou-comprovado-que-futebol-e-politica-nao-se-misturam-diz-parreira,c7cb843c2726f310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html